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Força e Pureza: Desenhando Super-Heróis!
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Desde crianças somos fascinados por super-heróis e seus cruéis inimigos, os super-vilões! Assistimos animações, séries e filmes, lemos quadrinhos e livros. Alienígenas voadores, robôs gigantes, mutantes deformados, deuses que parecem astros do rock… Esses elementos já fazem parte do imaginário não apenas infantil, mas da cultura nerd/geek em geral.

Nesse artigo eu faço uma análise do conceito de super-heróis, e a partir dessa compreensão descrevo alguns dos elementos visuais que colaboram para o design do super-herói clássico.

Eu também faço uma rápida reflexão sobre a importância dos músculos exagerados dos super-heróis, desenho o HULK e passo algumas dicas importantes sobre o desenho desse personagem.

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As narrativas heróicas, mitológicas e épicas são uma importante herança cultural. Elas foram reinventadas através dos tempos, e uma de suas principais manifestações contemporâneas é o fenômeno dos super-heróis, nos moldes da Marvel e DC. Essas duas editoras norte-americanas de quadrinhos exercem uma influência cada vez maior no entretenimento ocidental.

Muitos desenhistas sonham em trabalhar para as grandes editoras americanas, pois tem uma forte relação de com personagens como Batman e Wolverine. Há também uma corrente de quadrinistas brasileiros que criam os próprios super-heróis, influenciados pela estética e pela temática dos supers americanos, chamados carinhosamente de “heróis BR”.

Por esses e outros motivos, é muito importante ter noção dos elementos de design caracterizam os super-heróis. Como desenhá-los de acordo com o mercado americano? Como criar os nossos próprios super-heróis de forma autêntica e ao mesmo tempo apelativa comercialmente?

Para isso é preciso compreender o conceito por trás de cada personagem. O conceito é o conjunto de características que descrevem o personagem. É seu histórico, sua constituição física, sua psicologia, seus poderes e fraquezas, entre outros. Apreender o conceito do personagem é a chave para criar um design competente.

Os super-heróis correspondem, geralmente, a conceitos de personagens bem definidos. Possuem uma certa simplicidade ou até mesmo ingenuidade em sua constituição psicológica. Sua trajetória é muitas vezes descrita de forma superficial ou até mesmo simplória. Apesar disso, alguns super-heróis fazem muito sucesso, enquanto outros, não. Isso demonstra que a simplicidade é muito poderosa! Criar um personagem popular pode ser extremamente difícil.

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É interessante perceber os conceitos de super-heróis não apenas em seu aspecto contemporâneo, mas em suas diversas manifestações históricas e culturais. Muitos pesquisadores fazem uma analogia entre as narrativas mitológicas e as narrativas de super-heróis. Os deuses gregos, egípcios e nórdicos, Gilgamesh, Toth, Osíris e Apolo. Muitos deuses, semideuses, heróis e profetas serviram como referência para a criação de super-heróis.

Os super-poderes são um dos elementos-chave que caracterizam o super-herói. Esses poderes são apenas um lado da moeda, equilibrados por um certo código de conduta, um certo senso de responsabilidade. Essa orientação de comportamento é pautada em valores pretensamente universais. A ideia do “certo” e do “bem”, refletem com frequência a visão tradicionalista ocidental, ou mesmo o cinismo neo-capitalista.

A proteção do “cidadão de bem”, da “ordem” e da propriedade privada, por um poder titânico, desvinculado da regulamentação pública é a apoteose do capitalismo. Os super-heróis são retratos fiéis da presunção, da megalomania e do personalismo norte-americano. Apesar de ter consciência disso tudo, eu adoro os filmes da Marvel!

Os super-heróis clássicos possuem uma moral muito forte e bem definida. Essa característica de “bom moço” foi diluída com o tempo, e as narrativas dos supers de hoje mostram heróis mais humanizados, com malícias e defeitos como todos nós.

A maioria dos super-heróis contemporâneos, apesar de ainda carregarem certa responsabilidade ou dever, possuem traços de personalidade negativos, como egoísmo, orgulho, ou timidez. Esse equilíbrio de personalidade gera uma maior identificação com o público em geral. Afinal, ninguém é perfeito e é divertido ver um super-herói com defeitos semelhantes aos que vemos em nós mesmos.

O anti-herói é um arquétipo que faz muito sucesso. É um herói que é movido mais por seu egoísmo que por seu senso de responsabilidade. No entanto, mesmo bebendo, fumando, praguejando ou matando, cuspindo ou torturando, ainda são pessoas boas no fundo, e sempre terminam colaborando para o bem maior. É como no ditado: “Às vezes é preciso chamar o Diabo para fazer a obra de Deus”.

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Já entendemos um pouco melhor o conceito de super-heróis. Eles são uma forma contemporânea de narrativa mitológica. Narrativas mitológicas e fantásticas estão na espinha dorsal da cultura humana. O simbolismo está enraizado nos recessos mais sombrios da psique, suas complexidades e conflitos são atemporais e universais.

A luta do “bem” contra o “mal”, apesar de sua aparente simplicidade, está na raiz da consciência e remete à dualidade do corpo e da alma, da vida e da morte, da luz e das trevas. Ahura Mazda e Ahriman, Deus e o Diabo.

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Agora vamos estudar o DESENHO de super-heróis. Afinal de contas, como desenhar bem um super-herói?

Como agenciado por mais de três anos para o mercado americano, posso apontar algumas características importantes. Por mais que o mercado seja dinâmico, variando entre o realismo exacerbado e estilos cartunescos, é possível determinar alguns fatores em comum que são observados nos desenhos de super-heróis.

Com a popularização da internet, oferecendo referências visuais praticamente inesgotáveis, ficou mais mais fácil criar desenhos de alta qualidade em um prazo apertado, o que geralmente é exigido.

Outra coisa a se considerar é a explosão dos filmes de super-heróis. Desde o sucesso estrondoso dos filmes da Marvel, os quadrinhos vem tentado se aproximar do que é mostrado nos filmes, o que estimula a utilização de fotografias para o desenho realista.

O estilo básico dos comics americanos é chamado de mainstream, que significa literalmente “corrente principal”. O mainstream dos comics é um estilo muito popular e seguro, e foi consolidado nos anos 80 por Gabriel Garcia-Lopez, quando ele estabeleceu o padrão de design para os principais super-heróis da DC, como o Batman, o Super-Homem e a Mulher Maravilha. A maioria das imagens para produtos licenciados da DC Comics, utilizadas até os dias de hoje, em cereais matinais e material escolar, ainda se baseiam nos “model sheets” de Garcia.

Essa padronização formal ajuda muito o desenhista, mas ele também precisa ter um bom domínio técnico do desenho. Anatomia, luz e sombra, perspectiva e outros fundamentos são imprescindíveis para que se domine o estilo mainstream.

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1 – Musculoso: O herói clássico é sempre musculoso. Essa é uma característica muito forte do estilo mainstream e dos quadrinhos americanos em geral.

2 – Peito estufado: Não basta ser musculoso, tem que ter boa postura! Barriga pra dentro, cabeça pra cima! Esse tipo de postura ressalta a qualidade otimista e passa a sensação de autoridade e liderança. É relacionada à força de vontade, à integridade ao “BEM”. Uma postura curvada para frente dá um aspecto depressivo, submisso ou até mesmo bestial. Muitos vilões tem posturas curvadas para frente.

3 – Cabra macho: Faça o personagem bem apoiado no chão, com os pés um pouco para fora. Isso vai dar uma expressão corporal mais máscula à figura. Lembre que um super-herói tem que ser BOM, mas também tem que ser muito MACHO! Por isso evite qualquer sinal de fragilidade, como mãos arqueadas e pés voltados para dentro.

4 – Fotogênico: Utilize com frequência o ângulo de baixo para cima! Lembre-se que o herói é superior ao reles mortal que o está observando! As “tomadas de câmera” de baixo para cima e closes imensos são recorrentes nos comics, e aumentam a sensação de força, domínio e poder.

5 – Musculoso: Eu já falei musculoso? Faça o personagem FORTE, mesmo que o  poder dele seja soltar raios pelos olhos! Por que os super-heróis tem que ser bombados? Vale à pena pensar um pouco sobre isso.

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Ser musculoso é uma das fantasias masculinas mais comuns. Isso está ligado aos recessos mais profundos do nosso subconsciente, ao “cérebro reptiliano”. A nível primitivo, ser musculoso é automaticamente ser líder, é ser capaz de proteger a sua companheira e os seus filhos, é ser capaz de caçar e coletar com eficiência, é ser capaz de dominar outras tribos com a força do seu braço.

Esse tipo de proeminência “neanderthal” ainda tem um grande apelo os dias de hoje, e creio que sempre terá. Por isso heróis são frequentemente representados com muitos músculos. A cultura norte-americana, baseada na supremacia econômica e militar, é obcecada pelo poder. Isso também explica muita coisa.

Por exemplo, o Superman. Ele não precisava ser musculoso para ser super-poderoso, já que sua força não vem de levantar pesos, mas da radiação do nosso “sol amarelo”. Com certeza Clark Kent não precisa malhar.  Ele poderia muito bem ser um cara normal como eu e você, sem tantos músculos assim e até com uma barriguinha… Mas não. É importante representá-lo como uma montanha de músculos, uma redundância talvez necessária para expressar de forma categórica a sua iminência física e moral.

No entretenimento de outras culturas, como na Europa e no leste da Ásia, os heróis super-poderosos são retratados muitas vezes com um porte físico mais magro.

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Nesse vídeo, eu faço um desenho do HULK, um dos meus personagens favoritos! Ele é inspirado na dualidade do homem civilizado vs. primitivo. Essa dualidade foi trabalhada de forma magistral pelo escritor escocês Robert Louis Stevenson, em seu livro “The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde”. O HULK corresponde ao mesmo conceito do personagem do livro de Stevenson. O frágil doutor civilizado não aguenta as pressões físicas e psicológicas, e dá lugar ao monstro: irascível, violento, destruidor!

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1 – Musculoso, sim!! Para isso você pode contar com referências de halterofilistas, o HULK desenhando por outros artistas, e até mesmo, um espelho. Ajuda se você for do bonde da maromba!

2 – Mãos de anjo. Fazer as mãos grosseiras e maiores do que o normal. Isso é importante para acompanhar as proporções exageradas do personagem.

3 – Corpo atarracado. O HULK, apesar de ser alto, é atarracado, achatado. Possui as pernas pequenas em relação ao tronco e aos braços.

4 – Pés de anjo. Os pés, assim como as mãos, devem ser desenhados bem grandes, maiores do que o normal, para acompanhar as proporções exageradas do personagem.

5 – Expressão de poucos amigos. Apesar de ter bons amigos (Vingadores), a expressão facial raivosa ainda é a mais comum no HULK. Uma fúria incontida, uma agressividade descontrolada! São as marcas de um verdadeiro berserk.

6 – Rasguei a minha calça! Por mais que isso não seja realista, o HULK é representado geralmente em sua clássica calça roxa, para um belo contraste com a sua pele verde-esmeralda. Esse cuidado da calça com a cor certa, e parcialmente rasgada (em qualquer lugar, menos nos fundos), é marca registrada da caracterização desse personagem.

7 – Mãos ansiosas. É claro que uma expressão facial não é o bastante! Faça as mãos em posições bem ameaçadoras, para esmurrar, esmagar! Afinal de contas isso é o que HULK faz de melhor!

8 – Corpo curvado para a frente. Apesar de ser um herói clássico, o HULK representa um lado bestial, violento e descontrolado do ser humano. Por isso é geralmente desenhado com uma postura meio curvada para frente.

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Cada personagem tem as suas características próprias, que precisam ser observadas na hora de desenhar. As escolhas de design tem que corresponder ao conceito do personagem que você está desenhando. Preste atenção a cada detalhe, e procure sua razão de ser.

Lembre que nos quadrinhos, diferente do “mundo real”, a aparência deve corresponder à natureza interior do personagem. Procure os traços em comum que diferentes artistas marcam ao desenhar um mesmo personagem. Assim, você poderá desenhar um herói ou vilão famoso com mais propriedade e segurança.

Esse conhecimento também será valioso quando você criar os seus próprios personagens! E que sejam personagens incríveis, autênticos, interessantes!

Boa sorte nos caminhos da arte e um forte abraço,

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Sobre o Autor

Pedro Ponzo
Pedro Ponzo

Sempre fui apaixonado por histórias em quadrinhos, por todas as possibilidades desta linguagem artística. Depois de atuar profissionalmente em vários mercados de ilustração e quadrinhos, hoje me dedico à minha arte autoral. Sou o criador de Método Arte dos Quadrinhos, que ajuda as pessoas a criar e publicar as suas próprias HQs.

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